Avalon II (...)

Dirijo-me serenamente para junto das margens do lago...
O nevoeiro matinal invade a povoação adormecida...
Continuo com o pressentimento de que algo está para acontecer...

Precisava de ti... aqui e agora!
Onde estás?

Quando fecho os olhos, oiço a tua voz...
Já li e reli todas as missivas que me enviaste nestes últimos tempos, onde a palavra saudade é a mais mencionada...

Mas não podes regressar!
Tens uma missão a cumprir!
A tua presença é imprescindível!

Não tenho como enviar-te missivas de resposta...a tua vida de nómada não o permite.
Nunca sei onde estás. Pressinto-o...mas não tenho certezas!
Sei no entanto, que uma parte de ti está muito bem guardada dentro de mim...

Olho para o meu rosto, reflectido nas águas...
Estou a sorrir...
Tens esse dom! Penso em ti, e no meu rosto desenha-se um sorriso...de tristeza e de saudade.
Mas também de alegria...ao recordar momentos passados, em que te tive ao meu colo e junto de mim; em que trocámos carinhos e palavras sentidas...

Estou a chegar junto da árvore onde tantas vezes conversámos a olhar o horizonte...
O muro onde me sentava a ouvir-te contar todas os episódios que havias passado junto dos teus guerreiros...

Tu falavas, atropelavas-te nas palavras...sorrias, gesticulavas e soltavas gargalhadas!
Eu ouvia-te...serena, com o coração a bater descompassadamente, pois não sabia quanto mais tempo de poderia ter ali...junto a mim!
Acho que na realidade não me recordo de uma única palavra tua nestes momentos...mas, ainda hoje, quando fecho os olhos consigo ver o movimento das tuas mãos e o teu sorriso! Ficava deslumbrada...
Não conseguia ouvir...apenas sentir a tua presença. Absorvia todos os movimentos, o cheiro...para que quando partisses eu pudesse ficar com todas essas recordações!!

Deixo cair o meu corpo junto à árvore...
Com as mãos toco a terra....
As pontas do meu vestido estão submersas na água....

E o meu rosto é inundado pelas lágrimas!!
Descobri qual a razão do meu presságio...